Otimista, inquieta, com uma paixão pelos encontros com novas culturas, pessoas e paisagens. É assim que se define. Maria João, autora do blog de viagens jolandblog.com, tomou a decisão de abandonar a norma, o horário das nove às seis. Conhecer o mundo e partilhá-lo com os outros através das suas palavras. É por isso um exemplo e inspiração para todos aqueles que sonham fazê-lo.
Hoje conhecemos um pouco do seu percurso e ouvimos algumas das suas dicas para profissionais de Comunicação e Marketing que pretendam também conciliar a paixão pelas viagens com a sua profissão.
Fala-nos um pouco sobre ti e o que fazias antes de seres viajante profissional.
Lisboeta, 33 anos (ou 29 forever, como costumo dizer!). Otimista, inquieta, com uma paixão pelos encontros com novas culturas, pessoas e paisagens.
Dediquei-me durante cerca de 10 anos ao marketing e comunicação nas áreas da hotelaria, imobiliário e fitness. Nos últimos quatro anos exercia funções ligadas ao cargo de gestora de marketing numa cadeia hoteleira nacional. Logo a seguir à universidade passei também por estágios na área da pós-edição de vídeo e de planeamento de media.
Decidiste despedir-te de um emprego estável para te focares em viajar e conhecer o mundo. Esta foi uma decisão que se foi instalando e crescendo em ti a cada viagem ou foi algo que surgiu de repente?
Sempre fui uma pessoa avessa a rotinas e à estagnação seja a que nível fosse e já vinha a sentir uma certa inquietação dentro de mim a nível profissional e pessoal há algum tempo.
Pensei várias vezes que pudesse ter a ver com a empresa em questão ou com alguma crise existencial temporária. Acabava sempre por lutar ao máximo contra essa inquietação interna e convencia-me que aquele era o caminho “normal” a seguir: a carreira, a estabilidade financeira… Enfim, seguir o curso “normal” da vida, por mais rotineiro ou aborrecido que fosse.
Convencia-me que aquele era o caminho “normal” a seguir: a carreira, a estabilidade financeira.
As viagens sempre tinham feito parte da minha vida, mas no ano passado, uma viagem muito especial acabou por virar a minha vida do avesso.
Fui “forçada” a tirar férias numa altura em que ninguém do meu círculo pessoal poderia tirar. Entre desperdiçar um período de férias e finalmente tomar coragem para ir sozinha, eu optei pela segunda opção.
Peguei na minha mochila e parti rumo a Hanói, no Vietname. Duas semanas transformaram-se em três e um país transformou-se em dois, quando juntei Laos ao roteiro. Fui verdadeiramente feliz durante essa viagem, por tudo o que vivi, por tudo o que aprendi sobre mim mesma, pelas pessoas que conheci… Algo se transformou dentro de mim, e percebi nessa altura o quão infeliz eu me sentia na rotina do dia a dia, no emprego que tinha, na vida que levava.
Voltei para casa em Lisboa, e o “bicho” não me largou. Pelo contrário: cresceu. Um dia não o consegui conter mais e decidi seguir o rumo que me fazia mais feliz.
Algo se transformou dentro de mim, e percebi nessa altura o quão infeliz eu me sentia na rotina do dia a dia, no emprego que tinha, na vida que levava.
Tiveste medo de abandonar a estabilidade do horário das nove às seis? Ou, por outro lado, sentiste-te livre e mais disponível do que nunca para outros desafios?
A verdade é que a partir do momento em tomei a minha decisão, nunca senti receio ou insegurança. Sim, claro que foi uma grande decisão, mas eu sabia que era a melhor opção para mim.
Saí da empresa, dediquei-me durante uns meses a um curso de marketing digital que me permitiu aprofundar os meus conhecimentos nessa área, com vista a poder vir a trabalhar de qualquer lado do mundo para qualquer empresa/cliente.
Enquanto profissional de Marketing e Comunicação, é possível conciliar o teu trabalho com as viagens? Se sim, como?
Sim, perfeitamente. Hoje em dia é cada vez mais frequente a possibilidade de trabalhar remotamente. Há cada vez mais empresas a disponibilizarem essa opção aos seus colaboradores, o que tem vantagens para ambas as partes.
Áreas como o marketing digital, gestão de social media ou content management são bons exemplos.
Poderá existir necessidade de reuniões pessoais de vez em quando, mas na maioria das vezes as reuniões poderão ser feitas através de ferramentas como o Skype por exemplo.
Que dicas é que podes dar a além que trabalhe com redes sociais, comunicação e marketing digital e queira seguir o mesmo caminho que tu?
Vocês estão numa área que vos permite trabalhar de qualquer lado do mundo. Se querem mesmo seguir um caminho que vos permita fazer as vossas próprias escolhas, então comecem a construir a vossa rede de clientes ou a procurar empresas que vos permitam trabalhar remotamente, ainda antes de se despedirem e de deixarem tudo para trás. Preparem o vosso caminho.
Existem alguns websites como o Upwork ou o Fiverr que vos poderão ajudar a encontrar alguns trabalhos em regime freelance.
Comecem a construir a vossa rede de clientes ou a procurar empresas que vos permitam trabalhar remotamente, ainda antes de se despedirem e de deixarem tudo para trás.
No jolandblog.com tens partilhado a tua nova vida, dicas e detalhes das tuas viagens. O que é que esta experiência te ensinou até agora? Que tipos de conteúdos interessam mais às pessoas?
O Joland começou como uma forma de manter a minha família e amigos a par das minhas aventuras pelo mundo. Era por lá que contava as minhas histórias de viagem, partilhava fotos…
Inicialmente não tinha quaisquer ideias quanto a um possível crescimento a nível de seguidores. Mas de repente comecei a receber feedback bastante positivo da parte de pessoas que tinham encontrado o meu blog e que se identificavam comigo e com a vida que eu tinha escolhido.
Criei uma página no Facebook, passei a trabalhar melhor o blog a nível de SEO e a partir dessa altura verifiquei um crescimento razoável. Comecei a desenvolver artigos com dicas de viagem para (essencialmente) mulheres viajantes, não só sobre vários destinos por onde já tinha andado, mas também sobre como viajar em segurança, o que levar na mochila, entre outros.
Partilhar a minha experiência e conhecimento no blog é uma das minhas maiores paixões (a seguir às viagens em si, claro). Perceber que consegui inspirar outros a viajarem mais e a seguirem os seus sonhos é uma das melhores recompensas que poderia receber pelo trabalho que lhe dedico.
Tanto as dicas úteis de viagem sobre determinados destinos como as crónicas de viagem despertam o interesse de quem me segue. Eu tento ser o mais natural e autêntica possível nos meus relatos de viagem, quase como se estivesse a contar uma história em pessoa a alguém, e isso faz com que as pessoas se identifiquem mais. Não estou tão preocupada em desenvolver uma escrita bonita, cheia de pormenores, mas sim em conseguir transmitir o que senti quando vivi determinadas situações.
Rede social preferida
Facebook (se bem que o Instagram está muito próximo!)
Destino mais popular no Joland
Tailândia
Destino preferido
Myanmar
Qual a melhor parte de ser viajante profissional?
Ser livre! Podermos ser nós a gerir o meu tempo e ter a possibilidade de pegar na mochila (e no portátil claro) e partir em busca de novas paisagens, pessoas e costumes.
E a pior?
Ao contrário de um turista ocasional, o viajante profissional acaba por aproveitar as suas viagens para recolher informação para o seu próprio blog ou para usar em trabalhos que possam surgir na área do turismo. O “passeio” acaba por implicar sempre algo a nível profissional. Mas não posso dizer que isto seja necessariamente mau, apenas diferente!
Mensagem para quem pensa em fazer o mesmo mas ainda não teve coragem
Se é algo que querem muito fazer, então tentem preparar ao máximo o vosso caminho previamente. Poupem, tentem começar a fazer trabalhos à parte e a construir a vossa carteira de clientes. E dediquem-se a 100% a esse sonho. Quando queremos muito alguma coisa, e nos dedicamos ao máximo, parece que o Universo conspira para nos ajudar!
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